Holocausto Brasileiro

Em 1903, na cidade de Barbacena em Minas Gerais, foi fundado o Hospital Colônia de Barbacena, que primeiramente tinha como intuito tratar pacientes que de fato possuíam doenças mentais, mas como o diagnóstico dessas pessoas não era muito preciso e muitas vezes nem realizado, o local acabou sendo utilizado para o envio de qualquer indivíduo que não se comportasse como esperado na sociedade em que era inserido, então qualquer pessoa poderia ser mandado para lá sem necessidade de justificativas.

O livro relata mais sobre o cotidiano do local e o que me surpreendeu foi a facilidade com que os familiares mandavam seus "doentes" para lá, poderia ser por qualquer motivo, pessoas com ansiedade? Manda pra lá. Crianças fruto de nascimentos indesejados? Manda pra lá. Um local que antes servia como clinica psiquiátrica facilmente convertido em um caminho fácil para se livrar dos "problemas". Essa parte da história permaneceu relativamente enterrada até o lançamento do livro de Daniela Arbex, intitulado Holocausto Brasileiro, em 2013, um documentário lançado pela HBO em 2016 que mostrava a realidade dentro da clínica, as atrocidades que eram cometidas, como tratamentos com choque, estupros e até mesmo corpos de pacientes mortos sendo vendidos. Citado também, em 2021, pelo professor de História Victor Soares em um de seus episódios do podcast chamado História em Meia Hora (presente no Spotify), onde aborda os mais diversos temas de uma maneira leve e de facílima compreensão.

Esse tema me fez pensar em em que ponto da historia se foi pensado que precificar um ser humano e mantê-lo em uma situação desumana era algo plausível? Quando perdemos nossa humanidade?. As pessoas eram enviadas dentro de trens, bebiam água suja, várias morriam de frio e de fome. Não é a toa que o local foi definido pelo psiquiatra italiano Franco Basaglia como um campo de concentração.

O Holocausto Brasileiro foi uma parte da história que permaneceu por oito décadas e que esperamos que nunca mais volte a ocorrer.